Ministros de Tribunais Superiores e do STF discutem sistema de precedentes em aula magna no TRT-GO

Publicado em: 16/06/2025
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Desembargador Eugênio Cesário e o juiz Narciso Baez

Uma aula magna realizada no Auditório dos Goyazes do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-GO) na última sexta-feira, 13/6, reuniu ministros de tribunais superiores para discutir o tema “Sistema de Precedentes nas Cortes Supremas e seus Impactos no Sistema Jurídico, Econômico e Social Brasileiro”. Participaram do evento os ministros Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Dora Maria da Costa, Breno Medeiros e Guilherme Caputo Bastos, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Caputo Bastos também é conselheiro do CNJ.

Compuseram a mesa diretiva do evento o juiz federal da 4ª Região (TRF-4) Narciso Leandro Xavier Baez; o presidente do TRT-GO, desembargador Eugênio Cesário; a presidente da Associação Goiana da Advocacia Trabalhista (Agatra), Cristiane Pavan; a secretária da Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag), Chrissia Bandim, que representou a OAB-GO; a diretora jurídica da Bayer, Mariana Vassoler; e o presidente da GoiásPrev, Gilvan Cândido da Silva, que representou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. 

Ministros, desembargadores e juízes conduziram a programação do evento

Ao abrir o evento, o juiz Narciso Leandro Baez fez uma breve apresentação dos impactos do Land Grabbing no mundo e no Brasil, assunto da exposição do ministro do STF Dias Toffoli. O Land Grabbing é a aquisição ou o arrendamento em larga escala de terras por governos, empresas multinacionais e fundos de investimento. Isso pode resultar em deslocamentos populacionais, agravamento de desigualdades, danos ambientais, como o desmatamento, e ameaças à soberania alimentar dos países envolvidos. “Já temos hoje, no mundo, 70 milhões de hectares adquiridos por estrangeiros desde 2000, segundo dados do Banco Mundial. No Brasil, temos atualmente 25% das terras agrícolas ou 12 milhões de hectares sob controle estrangeiro, principalmente da China, Estados Unidos e Canadá”, disse o juiz.

Presidente do TRT-GO, Eugênio Cesário

Antes da palestra do ministro Dias Toffoli, o presidente do TRT-GO, desembargador Eugênio Cesário, saudou os participantes da aula magna. Ele destacou a importância do evento, especialmente neste momento em que se afirma uma nova realidade no Judiciário brasileiro, mudança marcada pelos precedentes e que se reflete, inclusive, “na recorribilidade que tanto atravanca a Justiça deste país”. “Que este evento seja de grande contribuição para nossos conhecimentos e para o aperfeiçoamento da nossa jurisdição”, ressaltou Eugênio Cesário. 

A presidente da Agatra, advogada Cristiane Pavan, parabenizou o juiz Narciso Baez pela escolha do tema da aula magna por ser um tema bastante sensível para a advocacia. “Estamos na busca da segurança jurídica, do compromisso direto com a racionalidade das decisões judiciais, o que contribui muito para uma justiça mais previsível, equânime e transparente”, afirmou. Para ela, ao garantir coerência, integridade e estabilidade jurisprudencial, o sistema de precedentes contribui decisivamente para a construção de um ambiente jurídico mais confiável e para uma sociedade mais justa. 

A representante da OAB-GO, Chrissia Bandim, ressaltou que o evento é fundamental, especialmente para que os advogados possam aprender sobre o tema e depois ensinar sobre ele. A diretora jurídica da Bayer, Mariana Vassoler, afirmou que as contribuições dos ministros para o debate sobre a regulação do Land Grabbing, as garantias processuais, a negociação coletiva e a proteção dos direitos trabalhistas são fundamentais para a construção de um Brasil mais justo e com menos desigualdades. Ela ressaltou o compromisso da multinacional com a inovação, a ciência e a sustentabilidade e disse que a empresa acredita que um sistema jurídico seguro e eficiente é essencial para o desenvolvimento do país. 

O representante do governador Ronaldo Caiado, Gilvan Cândido da Silva, afirmou que a previsibilidade jurídica trazida pelo sistema de precedentes é essencial para o ambiente de negócios, para a cidadania e para a governança pública. “Um sistema judicial que decide com base em critérios sólidos é também um instrumento de justiça social e de desenvolvimento econômico”, enfatizou. 

Homem de terno em um púlpito com microfones, gesticulando. Ao fundo, parede de madeira. No púlpito, um logotipo com "TRT 18ª REGIÃO".

Ministro do STF Dias Toffoli. Foto: Agatra

Defesa da Justiça do Trabalho

O ministro do Supremo Dias Toffoli falou sobre “O papel do STF na regulação do Land Grabbing – precedentes do Supremo Tribunal Federal e a proteção de direitos constitucionais”. Ele destacou que visitou todos os tribunais do país quando foi presidente do STF e do CNJ e que defendeu muito a Justiça do Trabalho e a importância dela na relação entre o capital e o trabalho. No entanto, alertou que os excessos é que levaram a proposições, no Congresso Nacional, de extinção da Justiça do Trabalho. 

Toffoli contou, com muito orgulho, que ele foi a pessoa que chegou até os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado naquela época, respectivamente Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, e disse que o STF não aceitaria a extinção da Justiça do Trabalho.   

Em seguida, o ministro do Supremo destacou que estar em Goiás, no Centro-Oeste do Brasil, no coração do agronegócio, tinha tudo a ver com o tema da palestra dele. Explicou que o Land Grabbing começou a tomar corpo com a crise mundial de 2007/2008, que chegou a quebrar bancos no exterior e levantou preocupações sobre segurança alimentar no mundo. Toffoli disse que o termo grilagem de terras também pode entrar no conceito de Land Grabbing, na medida em que é a aquisição ilegal ou à força ou por meio de fraudes cartoriais. 

Ministro Dias Toffoli e o desembargador Eugênio Cesário em encontro na Assembleia Legislativa de Goiás na manhã de sexta-feira (13/6). O presidente do TRT-GO prestigiou a solenidade de entrega do título de cidadania goiana aos ministros Toffoli e Gilmar Mendes (STF) e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet

Dias Toffoli fez reflexões sobre os efeitos jurídicos do Land Grabbing, falou do impacto desse fenômeno na soberania e na economia e abordou também precedentes no STF sobre o assunto, citando uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) que ainda não foi julgada e está sob a relatoria do ministro André Mendonça na Corte Suprema. 

Demais temas abordados 

Na sequência, o ministro do STJ Marcelo Navarro Ribeiro Dantas falou sobre “A repercussão geral e a relevância da questão federal: diálogo necessário entre as cortes superiores”. A ministra do TST Dora Maria da Costa palestrou sobre o tema “Reavaliando a configuração do cargo de confiança: critérios de gestão e limites de autoridade na Justiça do Trabalho”. A palestra seguinte teve como tema “A negociação coletiva e o tema 1.046: limites convencionais e a flexibilização dos direitos trabalhistas” e foi proferida pelo ministro do TST Guilherme Caputo Bastos. Por fim, o também ministro do Tribunal Superior do Trabalho Breno Medeiros falou sobre o tema “O sistema de precedentes no TST”.  

Autoridades presentes

Várias outras autoridades prestigiaram a aula magna. Entre elas, a diretora da Escola Judicial do TRT-GO (Ejud 18), desembargadora Rosa Nair Reis; o presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho da 18ª Região (Amatra 18), juiz Cleidimar Almeida; a juíza auxiliar da Presidência do TRT-GO, Narayana Hannas; a vice-procuradora chefe do MPT-GO, Milena Costa; o presidente do Instituto Goiano de Direito do Trabalho (IGT), Gustavo Afonso de Oliveira; o procurador-geral do município de Goiânia, Wandir Allan de Oliveira; e a diretora da Escola de Direito, Negócios e Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), advogada Ana Flávia Mori.    

A imagem mostra um auditório com várias pessoas sentadas em poltronas claras, algumas delas reservadas.

Ministros do TST Breno Medeiros, Dora Maria da Costa e Caputo Bastos também fizeram palestras no evento. Foto: Agatra

MBA

A aula magna foi promovida pelo Centro de Excelência em Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), coordenado pelo juiz federal da 4ª Região (TRF-4) Narciso Leandro Xavier Baez, pela juíza do TRT-24 (MS) Neiva Márcia Chagas e pelo promotor de justiça Marcelo Petry, do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. A aula foi uma atividade do MBA em Inteligência Artificial e Sistema de Precedentes nas Cortes Superiores e seus Impactos no Sistema de Justiça. O evento contou com apoio do TRT-GO e da Escola Judicial do Regional goiano. 

Outros apoiadores

Também apoiaram a realização da aula magna a Associação Goiana da Advocacia Trabalhista (Agatra), correalizadora do evento, a Escola Superior da Advocacia Trabalhista (Esat), a Ordem dos Advogados do Brasil/Seção Goiás (OAB-GO), o Instituto Goiano de Direito do Trabalho (IGT), a multinacional Bayer, a Fecomércio, a UniEvangélica, a Federação dos Trabalhadores no Comércio de Goiás e Tocantins (Fetracom GO/TO), a indústria de papel e embalagens Jaepel e a Escola de Direito, Negócios e Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).

Comunicação Social do TRT-GO

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