CATIVA, por Faustto Gomes da Rocha

CATIVA

Dominada pelo medo constante,
Alimentada pela incerteza agoniante,
Escravizada pela dependência cruel,
Lá está ela, sem chão e sem céu.

É uma dependência inconsciente,
Por acreditar nos enganos da mente,
Pensando que um dia tudo será diferente.

É também uma dependência forçada,
Pois, estando emocional, física ou economicamente alienada,
Não consegue acreditar em mais nada.

Não consegue sonhar,
As humilhações silenciaram o seu pensar.
O sofrimento adestrou os seus atos,
Todos eles agora estão dominados,
Seguem comandados pelo ego de um tirano,
Que se autoproclama seu dono soberano.

A cada privação,
A cada traição,
A cada soco,
A cada choro,
A cada gota de sangue derramada,
Mais e mais vai ficando desarmada,
E neutralizada,
E fragilizada,
E “zumbizada”.

As cicatrizes vão aumentando,
Todo o seu corpo elas seguem marcando,
E a sua alma, impiedosamente, vão massacrando.

Ela continua lá, sem conseguir enxergar,
Acorrentada pela tristeza se vê ficar.
Vai sofrendo calada,
Sendo violentada
E não consegue se libertar.

Ela teria que se amar!
Voltar a acreditar!
Saber que é capaz de se libertar!
Pois é a própria chave de sua liberdade,
Seria apenas destrancar a porta do medo e fugir com brevidade.

Mas ela não consegue fugir
E lá está ela, amordaçada pelas ameaças,
Advertências veladas.
Segue cativa,
De forças desprovida,
Definhando e sofrendo
No calabouço do seu santo casamento.

Poema do livro “Poemas Meus”, de Faustto Gomes da Rocha

Apresentação: cada poema, com sua escrita clara e direta, levará o leitor a uma viagem no seu próprio mundo imaginário e crítico. Os poemas da presente obra instigam o leitor a provocar em si mesmo as mais variadas reflexões, de modo que tome partido de cada uma delas. A exemplo, sem esgotar tudo que traz, ora se verá revivendo um amor, uma lembrança que o tempo jogou no poço do esquecimento, ora estará de frente com o sofrimento causado pela depressão ou pelo ódio, e numa outra situação se verá analisando as obras de Deus e testificando a própria fé.

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