


Oneide pedala devagar pelas ruas de Gaúcha do Norte. São cinco minutos até a escola municipal onde trabalha como merendeira no turno da noite. No trajeto, ela observa as casas simples, o cachorro estirado no meio da rua, a vida tranquila de quem aprendeu a cultivar novas raízes. Ela respira fundo, preenchida por uma sensação que mistura alegria e serenidade. Ali, onde o tempo parece se esticar, ela pode, finalmente, fazer uma comida gostosa e aquecer o estômago dos estudantes que chegam cansados do trabalho para mais um turno na escola. Macarrão ao molho de tomate é seu prato preferido de preparar.
Oneide percorre esse caminho há quase dois anos, desde que decidiu tentar uma nova vida. Saiu de Goiânia para essa pequena cidade em Mato Grosso. Foi se juntar a alguns parentes e construir novos rumos. Gostou tanto da rotina que já planeja prestar o concurso municipal e se tornar servidora pública.
Na conversa por telefone, entre risos e confissões, o pedido: “Deixa eu ver seu rosto, Oneide! Liga o vídeo aí”. Ela, animada, aceitou prontamente. A câmera revelou uma mulher madura, cheia de vitalidade, com um sorriso que ilumina. Aos 50 anos, ela já é avó de Jasmine, de quatro anos. Começou a trabalhar cedo com a responsabilidade de criar duas meninas, Evelyn e Yasmim, um caminho sem atalhos, mas repleto de amor.
Antes de se mudar, Oneide trabalhou por quase sete anos como auxiliar de serviços gerais numa galeria de modas em Goiânia. Foi ali que tudo mudou. Quando tentou sacar o FGTS, descobriu que não havia saldo. “Procurei o patrão, mas ele foi grosseiro, começou a me tratar mal, atrasava o salário, pedia para fazer tarefas extras.” Cobravam até para ela aquecer sua marmita no micro-ondas, ela conta. Um dia lhe falaram: “Não temos obrigação de meter a mão no bolso pra te pagar”.
Cansada, Oneide buscou ajuda e ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho. O processo teve sentença favorável e chegou na fase de execução, em que se buscam bens ou valores para quitar a dívida.
E foi durante a Semana da Execução Trabalhista, no TRT de Goiás, que ela e a empresa chegaram a um acordo. Recebeu o suficiente para pensar em abrir um “lanche” em Gaúcha do Norte, mas também quer manter a fonte de renda como merendeira, contratada ou concursada. “Para mim, foi uma grande oportunidade de ter o problema resolvido e acho que nenhuma das partes saiu prejudicada”, comentou.
Oneide se sentiu finalmente respeitada, sentiu que seu esforço tinha valor.
Agora, todos os dias às quatro da tarde, ela sobe em sua bicicleta e pedala até a escola. Observa as ruas, as árvores, o entardecer no horizonte. É como se cada pedalada marcasse o compasso de sua história, que segue firme, esperançosa, cheia de sonhos.
A sensação de liberdade naqueles cinco minutos de pedalada lembra que, para ela, a vida ainda guarda muitos caminhos. Um deles já traçado com a ajuda da Justiça do Trabalho.
A história de Oneide revela um dos caminhos mais potentes da Justiça do Trabalho: a conciliação. Após anos de espera, a trabalhadora enfim alcançou um desfecho para seu processo por meio do diálogo. O caso dela mostra que a busca por um acordo não deve ser limitada ao início do processo. Mesmo na fase de execução, quando já há uma sentença proferida, é possível encontrar uma solução que abrevia a espera do trabalhador e libera a empresa da dívida com a Justiça.
Cristiane Pavan, advogada trabalhista, professora e presidente da Associação Goiana dos Advogados Trabalhistas (Agatra), destaca que cada processo na Justiça do Trabalho traz uma história humana por trás. “Conflitos assim não são apenas sobre valores. São sobre reconhecimento, respeito e recomeços. O acordo, nesse contexto, não é o fim – é um novo começo”, afirma.
Para a juíza Eunice Castro, titular do Juízo de Execução do TRT-GO, é papel do Judiciário reabrir o espaço do diálogo mesmo quando tudo parece definido. “O juiz pode propor caminhos viáveis, adaptar formas de pagamento, escutar as partes. A conciliação transforma frustração em esperança”, afirma.
O acolhimento das partes no Cejusc, seja no ambiente virtual ou presencial, é construído por mediadores preparados para ouvir, com empatia e escuta ativa, e incentivar o diálogo que faz a ponte entre as partes. “Conciliar é como substituir a sentença por um aperto de mãos”, define Cristiane.
A juíza Eunice reforça que a postura do Judiciário pode fazer toda a diferença: “Desde a primeira audiência, quando mostramos que a conciliação é um caminho possível, abrimos espaço para acordos justos e duradouros”.
Para incentivar o acordo trabalhista, a Justiça do Trabalho realiza três mutirões de conciliação por ano. Os mutirões realizados nos meses de maio e setembro são destinados a processos na fase de conhecimento e o mutirão realizado em novembro é destinado a processos que estão em fase de execução. É bom reforçar que, além desses mutirões, a parte interessada pode pedir uma audiência de conciliação em qualquer época do ano.
Solicite diretamente no processo trabalhista em andamento.
Acesse o portal do Tribunal e clique em “Solicitar Conciliação” no sistema de consulta processual.
Vá ao CEJUSC mais próximo. Atendimento das 8h às 16h, em dias úteis. Veja os endereços listados abaixo.
Telefone: (62) 3222-5386/5028
E-mail: conciliacao.goiania@trt18.jus.br
Endereço: Av. T-1 esq. T-51, 1403, Setor Bueno, Goiânia/GO. CEP: 74215-901.
Telefone: (62) 3222-4011
E-mail: conciliacao.aparecida@trt18.jus.br
Endereço: Rua 10, Quadra W, Lts 3 e 6, Setor Araguaia, Aparecida de Goiânia/ GO, CEP: 74981-100.
Telefone: (62) 3222-4093
E-mail: conciliacao.rioverde@trt18.jus.br
Endereço: Rua Dona Maricota, 262, Bairro Odília, Rio Verde/GO. CEP: 75908-710.
Telefone: (62) 3222-5969
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Telefone: (62) 3222-5676
E-mail: conciliacao.digital@trt18.jus.br
Endereço: Av. T-1 esq. T-51, 1403, Setor Bueno, Goiânia/GO. CEP: 74215-901.
Telefone: (62) 3222-5346
E-mail: conciliacao.segundograu@trt18.jus.br
Endereço: Av. T-1 esq. T-51, 1403, Setor Bueno, Goiânia/GO. CEP: 74215-901.
É possível buscar uma solução consensual, com o auxílio de conciliadores ou mediadores, mas sem dar entrada a uma ação judicial formal, trata-se da Reclamação Pré-Processual (RPP).
Se as partes já chegaram a um acordo, a Justiça do Trabalho pode homologá-lo, garantindo segurança jurídica para ambos.
“Portas da Justiça” é uma série de reportagens sobre casos reais de acesso aos serviços da Justiça com um enfoque humanizado, que valoriza a experiência pessoal de quem buscou atendimento. Com ilustrações originais, o projeto aproxima a instituição da sociedade e amplia o conhecimento sobre as diversas portas de entrada à Justiça do Trabalho em Goiás.
Coordenação: Lídia Barros Nercessian
Gerente do Projeto: Lívia de Freitas do Lago e Abreu
Reportagens: Fabíola Mendes Vilela / Lídia Barros Nercessian / Lídia Cristina Neves Cunha / Wendel Franco de Sá Guimarães
Ilustrações: Gustavo Marques da Conceição
Artes Gráficas: Carla Cristina Carvalho / Érika Leite Cardozo / João Carlos Leal
WebDesign: Jaqueline dos Santos Martins Rodrigues
Aprovação: Geraldo Rodrigues do Nascimento
Oneide pedala devagar pelas ruas de Gaúcha do Norte. São cinco minutos até a escola municipal onde trabalha como merendeira no turno da noite. No trajeto, ela observa as casas simples, o cachorro estirado no meio da rua, a vida tranquila de quem aprendeu a cultivar novas raízes. Ela respira fundo, preenchida por uma sensação que mistura alegria e serenidade. Ali, onde o tempo parece se esticar, ela pode, finalmente, fazer uma comida gostosa e aquecer o estômago dos estudantes que chegam cansados do trabalho para mais um turno na escola. Macarrão ao molho de tomate é seu prato preferido de preparar.
Oneide percorre esse caminho há quase dois anos, desde que decidiu tentar uma nova vida. Saiu de Goiânia para essa pequena cidade em Mato Grosso. Foi se juntar a alguns parentes e construir novos rumos. Gostou tanto da rotina que já planeja prestar o concurso municipal e se tornar servidora pública.
Na conversa por telefone, entre risos e confissões, o pedido: “Deixa eu ver seu rosto, Oneide! Liga o vídeo aí”. Ela, animada, aceitou prontamente. A câmera revelou uma mulher madura, cheia de vitalidade, com um sorriso que ilumina. Aos 50 anos, ela já é avó de Jasmine, de quatro anos. Começou a trabalhar cedo com a responsabilidade de criar duas meninas, Evelyn e Yasmim, um caminho sem atalhos, mas repleto de amor.
Antes de se mudar, Oneide trabalhou por quase sete anos como auxiliar de serviços gerais numa galeria de modas em Goiânia. Foi ali que tudo mudou. Quando tentou sacar o FGTS, descobriu que não havia saldo. “Procurei o patrão, mas ele foi grosseiro, começou a me tratar mal, atrasava o salário, pedia para fazer tarefas extras.” Cobravam até para ela aquecer sua marmita no micro-ondas, ela conta. Um dia lhe falaram: “Não temos obrigação de meter a mão no bolso pra te pagar”.
Cansada, Oneide buscou ajuda e ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho. O processo teve sentença favorável e chegou na fase de execução, em que se buscam bens ou valores para quitar a dívida.
E foi durante a Semana da Execução Trabalhista, no TRT de Goiás, que ela e a empresa chegaram a um acordo. Recebeu o suficiente para pensar em abrir um “lanche” em Gaúcha do Norte, mas também quer manter a fonte de renda como merendeira, contratada ou concursada. “Para mim, foi uma grande oportunidade de ter o problema resolvido e acho que nenhuma das partes saiu prejudicada”, comentou.
Oneide se sentiu finalmente respeitada, sentiu que seu esforço tinha valor.
Agora, todos os dias às quatro da tarde, ela sobe em sua bicicleta e pedala até a escola. Observa as ruas, as árvores, o entardecer no horizonte. É como se cada pedalada marcasse o compasso de sua história, que segue firme, esperançosa, cheia de sonhos.
A sensação de liberdade naqueles cinco minutos de pedalada lembra que, para ela, a vida ainda guarda muitos caminhos. Um deles já traçado com a ajuda da Justiça do Trabalho.
A conciliação é um serviço disponível a qualquer pessoa com processo na Justiça do Trabalho, autor ou réu, e pode ser solicitado em qualquer fase do processo, antes da sentença ou mesmo na fase de análise de recursos ou na fase de execução. O acordo é uma solução fácil e amigável, com grande chance de ser cumprido pelas partes.
Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos (Cejuscs) são locais especializados em conciliações e estão localizados na capital e em alguns municípios do interior.
Os Cejuscs oferecem um ambiente neutro e adequado, onde as partes envolvidas têm a oportunidade de dialogar, negociar e alcançar um acordo satisfatório. Tudo isso ocorre com o apoio de um conciliador — um terceiro imparcial e treinado em métodos consensuais de resolução de conflitos.
Solicite diretamente no processo trabalhista em andamento.
Acesse o portal do Tribunal e clique em “Solicitar Conciliação” no sistema de consulta processual.
Vá ao CEJUSC mais próximo. Atendimento das 8h às 16h, em dias úteis. Veja os endereços listados abaixo.
Telefone: (62) 3222-5386/5028
E-mail: conciliacao.goiania@trt18.jus.br
Endereço: Av. T-1. Esq. T-51, 1403. Setor Bueno, Goiânia/GO, CEP: 74215-901.
Telefone: (62) 3222-4011
E-mail: conciliacao.aparecida@trt18.jus.br
Endereço: Rua 10, Quadra W, Lts 3 e 6, Setor Araguaia, Aparecida de Goiânia/ GO, CEP: 74981-100.
Telefone: (62) 3222-4250
E-mail: conciliacao.anapolis@trt18.jus.br
Endereço: Rua 10, Quadra W, Lts 3 e 6, Setor Araguaia, Aparecida de Goiânia/ GO, CEP: 74981-100.
Telefone: (62) 3222-4093
E-mail: conciliacao.rioverde@trt18.jus.br
Endereço: Rua Dona Maricota, nº262, Bairro Odília, Rio Verde/GO, CEP: 75908-710
Telefone: (62) 3222-5676
E-mail: conciliacao.digital@trt18.jus.br
Endereço: Av.T-1. Esq.T-51, 1403. Setor Bueno, Goiânia/GO, CEP: 74215-901.
Telefone: (62) 3222-5346
E-mail: conciliacao.segundograu@trt18.jus.br
Endereço: Av.T-1. Esq.T-51, 1403. Setor Bueno, Goiânia/GO, CEP: 74215-901.
É possível buscar uma solução consensual, com o auxílio de conciliadores ou mediadores, mas sem dar entrada a uma ação judicial formal, trata-se da Reclamação Pré-Processual (RPP).
Se as partes já chegaram a um acordo, a Justiça do Trabalho pode homologá-lo, garantindo segurança jurídica para ambos.
“Portas da Justiça” é uma série de reportagens sobre casos reais de acesso aos serviços da Justiça com um enfoque humanizado, que valoriza a experiência pessoal de quem buscou atendimento. Com ilustrações originais, o projeto aproxima a instituição da sociedade e amplia o conhecimento sobre as diversas portas de entrada à Justiça do Trabalho em Goiás.
Coordenação: Lídia Barros Nercessian
Gerente do Projeto: Lívia de Freitas do Lago e Abreu
Reportagens: Fabíola Mendes Vilela / Lídia Barros Nercessian / Lídia Cristina Neves Cunha / Wendel Franco de Sá Guimarães
Ilustrações: Gustavo Marques da Conceição
Artes Gráficas: Carla Cristina Carvalho / Érika Leite Cardozo / João Carlos Leal
WebDesign: Jaqueline dos Santos Martins Rodrigues
Aprovação: Geraldo Rodrigues do Nascimento