Palestra debate impactos dos agrotóxicos na saúde do trabalhador

Não há uso seguro em questão de agrotóxicos no país. A partir dessa afirmação, o procurador do trabalho Cristiano Rodrigues, da 15ª Região, mostrou um quadro assustador e triste da realidade de trabalhadores rurais no Brasil que manipulam agrotóxicos sem qualquer cuidado e acabam doentes. O problema se agrava, segundo o procurador, diane da dificuldade de se provar o nexo de causalidade entre a doença e o uso de agrotóxico. “O que você tem cientificamente é o apontamento de lesão e não há níveis seguros de exposição e também não há na literatura um trabalho que diga que determinada quantidade vai ser inofensiva”, assinalou.

Ele apontou que, no Brasil, 14 produtos proibidos no mundo estão sendo comercializados livremente e só em 2014 a indústria química faturou R$ 12 bilhões. Soma-se a isso à falta de fiscalização, à falta de estrutura material e humana, e à própria falta de gestão de saúde e segurança. As doenças que atingem os trabalhadores, principalmente pequenos agricultores, vão desde doenças crônicas, câncer, diabetes, malformações fetais, distúrbios respiratórios até alergias e mal de Parkinson.

O palestrante explicou que o uso maciço de agrotóxicos é promovido pela expansão do agronegócio, que também está contaminando os alimentos, a água e o ar. Ele alerta para o aumento, nos últimos cinco anos, do número de casos de contaminação aguda e crônica e de mortes. “O Direito do Trabalho, nesse caso, deve ser compreendido como uma estratégica contra-hegemônica”, ressaltou o procurador.

A saída, segundo o palestrante, passa pela efetiva participação e pela união de esforços de grupos representativos dos trabalhadores, de órgãos públicos e pela informação e educação ambiental, algo que ainda é muito incipiente no Brasil. “É muito mais social do que propriamente jurídica a solução”, concluiu.