TRT-GO lança exposição “Eu amanuense que escrevi…”. Mostra fica aberta ao público até 5/12

Publicado em: 06/11/2025
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Exposição no Centro Cultural do TRT-GO

Mostra “Eu amanuense que escrevi…” fica aberta ao público até 5/12

O Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-GO) realizou nesta quarta-feira (5/11) o lançamento da exposição “Eu amanuense que escrevi…”. A cerimônia aconteceu no Centro Cultural Trabalhista do TRT-GO e contou com uma apresentação musical da banda Kalango Duo, além de uma feira com comidas típicas de origem africana, como acarajé, caldinho de feijoada e cocada. A iniciativa faz parte das atividades em celebração ao Dia da Consciência Negra.

A exposição foi idealizada pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP) e é composta por retratos de 120 africanos libertos pelo jurista, poeta e abolicionista Luiz Gama, durante sua atuação como amanuense (escrivão) no Fórum Criminal de São Paulo, entre os anos de 1864 e 1866. As imagens foram geradas por meio de inteligência artificial, baseadas nas descrições físicas feitas pelo jurista no “Livro de Registro de Africanos Livres Emancipados”. Essa é a primeira vez que a mostra é apresentada com a estrutura completa fora do APESP.

Importância da memória e da resistência negra

O desembargador Elvecio Moura abriu as falas ressaltando o valor simbólico da exposição “Eu amanuense que escrevi…” e o papel do TRT-GO na preservação da memória e da cultura. Ele afirmou que a exposição “transforma palavras em imagens”, dando rosto e presença para aqueles que “por séculos foram reduzidos a números ou descrições”.

Homem vestindo terno fala ao microfone

Presidente do TRT-GO, desembargador Eugênio Cesário

O magistrado fez um resgate histórico da figura de Gama, destacando sua luta contra a escravidão e seu legado jurídico. “Um advogado sem formação formal, mas com talento e conhecimento suficientes para libertar mais de 500 pessoas escravizadas”, afirmou. Ele também enfatizou o empenho da equipe responsável por trazer a mostra a Goiânia, agradecendo a gestão do TRT-GO, a Coordenadoria de Documentação e a Seção de Cultura, e concluiu lembrando que o evento é uma homenagem à consciência negra e um convite a “fazer da palavra um instrumento de transformação e dignidade”.

Identidade e justiça social

O desembargador Marcelo Pedra, gestor do Subcomitê Regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, destacou a relevância da exposição ao reconstituir, por meio da arte e da tecnologia, histórias que foram apagadas pela escravidão. Ele observou que o trabalho de Luiz Gama e os registros preservados em arquivos públicos “devolvem dignidade a homens e mulheres reabilitados”, convidando o público a olhar para o passado “não com o tempo certo, mas com um campo atípico de realidade”.

Marcelo associou a exposição à luta contemporânea contra o racismo e outras formas de exclusão, afirmando que “o racismo e todas as formas de discriminação impedem as próprias estruturas da sociedade”, mas ressaltou que “a mudança é possível”. O desembargador encerrou destacando três impactos do evento: o individual, que desperta reflexão pessoal; o institucional, que reforça o compromisso histórico do TRT com a igualdade; e o coletivo, que “convida à consciência ética e racial do nosso povo”.

Homem de terno fala ao microfone. Atrás pessoas assistem à fala

Desembargador Elvecio Moura

Inclusão e o futuro da democracia brasileira

O presidente do TRT-GO, desembargador Eugênio Cesário, encerrou a solenidade reforçando a necessidade de ampliar a representatividade racial no Poder Judiciário e em outras instituições públicas. Ele lembrou que, segundo dados do Censo, mais da metade da população brasileira se identifica como negra (pretos e pardos) e destacou a importância de políticas que promovam a inclusão.

Eugênio citou iniciativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como a concessão de bolsas de estudo para pessoas negras formadas em Direito que desejam ingressar na magistratura, afirmando que essas ações contribuem para a formação de um Judiciário mais plural. O desembargador-presidente também refletiu sobre o papel do Brasil no fortalecimento da democracia, citando o sociólogo italiano Domênico De Masi, para quem “o futuro da democracia está no Brasil”. Para o magistrado, essa perspectiva se deve à diversidade do país, que deve ser motivo de orgulho e inspiração. “Chegará o dia em que entraremos no Judiciário e nas salas de aula e veremos representada a população que de fato somos”, concluiu.

Valorização da memória
Homem de terno fala ao microfone

Desembargador Marcelo Pedra

A museóloga e diretora da empresa Calíope Projetos e Ações Patrimoniais, Bárbara Freire, esteve presente no lançamento da exposição. Para ela, a mostra “é um convite para enxergamos com novos olhos os rostos que a história quase apagou. Esses traços, antes preservados apenas em documentos, em palavras, agora ganham forma e expressão com o apoio da inteligência artificial”. Bárbara destaca ainda que a iniciativa é um gesto de reparação simbólica, além de ser uma união entre memórias coletiva e individual, identidade e tecnologia. “É uma experiência que aproxima o passado e o presente e reafirma o compromisso das instituições com a valorização da memória, da cultura e da justiça social no Brasil”, afirma a museóloga.

Autoridades presentes

Estiveram presentes na solenidade a juíza auxiliar da Presidência Narayana Hannas, a diretora da Coordenadoria de Documentação, Caroline Jabur, e a chefe da Seção de Cultura, Carla Carvalho. Participaram também a chefe do Escritório de Projetos Setorial da Secult, Juliana Rodrigues Gomes Muniz; a coordenadora do Comitê de Equidade Racial do TJGO, Joelma Santos; e a secretária da Diretoria Executiva da Agatra, Jaia Naraiana Guerra.

Visitação

A exposição ficará aberta para o público geral até o dia 5 de dezembro, no Centro Cultural Trabalhista do TRT-GO (térreo do Complexo Trabalhista de Goiânia), com entrada gratuita. A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

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TM/FV

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