O Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-GO) acompanha a tendência nacional de crescimento no número de ações trabalhistas e deve fechar 2025 com um novo recorde. Até julho deste ano, já haviam sido ajuizadas 48.904 novas ações trabalhistas no estado. A estimativa da Secretaria de Governança de Dados do Regional é encerrar o ano com cerca de 83 mil processos, um aumento de 7% em relação a 2024, quando foram registradas 78.311 ações.
O crescimento confirma a curva de alta que vem sendo observada desde 2023, quando foram ajuizadas 64.855 ações, número que representa uma elevação de 21,4% em relação a 2022. Comparando com os números do início da pandemia (2020), quando o TRT recebeu 55.907 processos, o aumento em cinco anos é ainda mais expressivo, de quase 50%.
O maior número da série histórica continua sendo o ano de 2016, ano anterior à Reforma Trabalhista, com 95.118 novas ações. O número caiu em 2017 para 87.396 ações e apresentou sucessivas quedas após a Reforma Trabalhista, chegando ao menor número da série histórica em 2022, quando foram ajuizadas 52.523 novas ações trabalhistas.
Pesquisa do IBGE revela que a economia goiana vem apresentando crescimento acima da média nacional. No primeiro quadrimestre de 2025, o PIB do Estado avançou 7,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pela agropecuária, indústria e serviços, que ampliaram o mercado local. Outro destaque é o crescimento demográfico diante do fluxo migratório em busca de oportunidades no mercado de trabalho.
Para a vice-presidente do TRT-GO, desembargadora Iara Rios, esses fatores ajudam a explicar o aumento da demanda na Justiça do Trabalho. Segundo a magistrada, o crescimento das ações trabalhistas em Goiás acompanha o movimento da própria economia. “A chegada de mineradoras, a expansão do agronegócio, o fortalecimento do setor de serviços e a abertura de hospitais regionais são fatores que impactam diretamente as relações de trabalho. Quando somamos a isso o crescimento populacional de cidades como Senador Canedo, por exemplo, que registrou no último censo o maior crescimento populacional do Brasil, percebemos que esse ambiente dinâmico naturalmente gera mais demandas e amplia a procura pela Justiça do Trabalho.”
Outro fator que explica o aumento no número de ações trabalhistas no pós-pandemia é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021, que derrubou trecho da Reforma Trabalhista que obrigava mesmo os beneficiários da justiça gratuita a pagar honorários advocatícios e periciais caso perdessem a ação. A mudança eliminou o risco de custos elevados e encorajou mais trabalhadores a ingressar com processos.
Assim como no cenário nacional, o setor de serviços foi o que mais concentrou demandas trabalhistas em Goiás em 2024, respondendo por 23,2% dos casos novos. A indústria e o comércio também tiveram participação significativa, com 18,9% e 16,7%, respectivamente, ambos acima da média nacional. O estado ainda se destaca na proporção de ações relacionadas à agropecuária (3,4%), quase o dobro da média do país (1,9%). Os dados são do Relatório Geral da Justiça do Trabalho de 2024, elaborado pelo Tribunal Superior do Trabalho.
O maior volume de demandas também se reflete nos valores arrecadados e pagos aos trabalhadores. Em 2024, o TRT-GO arrecadou R$ 114,2 milhões em custas, emolumentos, contribuições previdenciárias, imposto de renda e multas, um crescimento de 11% em relação a 2023, quando foram arrecadados R$ 102,9 milhões.
Já os valores pagos aos reclamantes ultrapassaram a marca de R$ 1,18 bilhão em 2024, um salto de 24% em comparação a 2023 (R$ 955 milhões). Do total do ano passado, R$ 680 milhões foram quitados por meio de acordo, R$ 383 milhões por meio de execução forçada e apenas R$ 120 milhões pagos de forma espontânea pelos devedores. Ou seja, na Justiça do Trabalho ainda observa-se que apenas 10% dos valores devidos aos trabalhadores são pagos espontaneamente pelos empregadores.
Outro dado de destaque é que o TRT de Goiás está entre os regionais que mais resolvem processos por meio da conciliação, atrás apenas dos regionais do Paraná, Mato Grosso do Sul e Alagoas. Os dados revelaram que 51,3% dos processos trabalhistas em Goiás são resolvidos por meio de acordo, percentual muito acima da média nacional, que é 44,1%.
Além dos vários centros de conciliação espalhados pelo Estado, com promoção permanente de audiências de conciliação (Cejusc), o TRT de Goiás participa anualmente dos três mutirões nacionais de conciliação propostos pelo CSJT e pelo CNJ. A Semana Nacional da Execução Trabalhista de 2025, que acontece entre os dias 15 a 19 de setembro, é uma oportunidade para empregados e empregadores que têm processos na Justiça do Trabalho encerrarem suas ações por meio de acordo.
Pessoas ou empresas interessadas podem solicitar às Varas do Trabalho, ou ao Cejusc da sua localidade, a inclusão do seu processo na pauta de audiências da Semana da Execução ou a qualquer momento. Procure os canais de atendimento disponíveis no menu Contato do site do TRT-GO ou peça para seu advogado, ou sua advogada, pedir a inclusão do seu processo para tentativa de conciliação.
LN/JA/FV
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