Seminário realizado no TRT de Goiás aborda a prevenção do uso abusivo de álcool e outras drogas entre trabalhadores
Segundo pesquisas recentes, 70% dos dependentes em álcool estão empregados e 63% dos usuários de outras drogas, lícitas ou ilícitas, também estão trabalhando.
Pensando nisso, o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiás) realizou um seminário, no dia 10/10, para discutir o uso de drogas entre trabalhadores brasileiros.
O evento é uma das etapas do projeto de ação educativa sobre álcool e outras drogas, desenvolvido pelo Núcleo de Saúde por meio da Assistência Psicossocial do TRT de Goiás. A abertura dos trabalhos ficou a cargo do juiz Ari Pedro Lorenzetti.
As palestras enfatizaram aspectos científicos e sociais do tema. Primeiro a falar, o médico psiquiatra do TRT, Lúcio Malagoni Cardoso, especificou os tipos de drogas, lícitas e ilícitas, e também os tipos de uso que as pessoas podem fazer delas. O primeiro tipo é o chamado recreativo, em que o uso de substâncias, como o álcool, acontece de forma episódica e não gera danos; depois há o uso nocivo, quando há abuso na utilização da substância química e surgem problemas de saúde e também desajustes sociais, porém ainda não há dependência; e, finalmente, tem-se a dependência, quando o uso é constante e os prejuízos se alastram na vida do indivíduo. Neste caso, trata-se de uma doença cerebral crônica.
O médico faz o alerta: “Mesmo aquele uso recreativo deve ser feito com cautela, pois estudos mostram que muitos que utilizam-se do álcool, por exemplo, e também de outras drogas, mesmo que inicialmente de forma leve, avançam para o uso nocivo e podem acabar desenvolvendo dependência”, ressalta.
O também médico psiquiatra Lourival Belém, segundo palestrante da manhã, destacou a relação entre o mundo do trabalho e o mundo das drogas. “Trata-se de um intercâmbio nefasto e muito mais profundo do que se imagina”, afirmou. Para ele, muitos trabalhadores fazem uso de substâncias químicas em decorrência da própria atividade ou do ambiente de trabalho. Como exemplo, o médico citou o uso de anfetaminas por motoristas de caminhão. “Há uma certa vista grossa da sociedade e do próprio Estado sobre essa situação”, avaliou.
Ao final, os palestrantes responderam a perguntas da plateia, formada por um público bastante diverso que incluía não só magistrados e servidores da Casa, mas também profissionais da saúde, estudantes e trabalhadores em geral.
Lara Barros
Núcleo de Comunicação Social
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