Psicóloga Rita de Cássia Mendes abre Semana de Combate ao Assédio com palestra sobre segurança psicológica no trabalho

Publicado em: 05/05/2025
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Psicóloga Rita de Cássia Mendes

“Assédio: O Inimigo silencioso da segurança psicológica no trabalho” foi o tema da palestra ministrada pela psicóloga Rita de Cássia Mendes, servidora pública federal aposentada do TRT-RN, na abertura da Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação no TRT-GO. O evento aconteceu na manhã desta segunda-feira (5/5) no Plenário Ipê, com transmissão ao vivo pelo canal interno do TRT-GO no YouTube. A campanha contra o assédio segue até o fim do mês de maio com ações educativas, distribuição de cartilhas e atividades voltadas à prevenção de práticas abusivas e discriminatórias.

Desembargador Welington Peixoto

O desembargador Welington Peixoto, coordenador do Subcomitê de Prevenção e Enfrentamento do Assédio no 2º grau no TRT-GO, fez a abertura do evento enfatizando que a participação ativa de gestores e servidoras e servidores, tanto presencial quanto online, é essencial para fortalecer o compromisso institucional com um ambiente de trabalho ético, seguro e respeitoso. “Precisamos investir no nosso maior patrimônio, que são as pessoas”, ressaltou, ao pontuar que a campanha não é apenas simbólica, mas parte de uma transformação cultural que exige envolvimento coletivo. Ele agradeceu a parceria com o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) e com a Escola Judicial do TRT-GO nos eventos da Semana.

O magistrado chamou atenção para as mudanças trazidas pela nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), do Ministério do Trabalho e Emprego, que passou a vigorar neste mês de maio. A norma, que estabelece diretrizes gerais para a implementação das medidas de prevenção em saúde e segurança no trabalho, passou a exigir que os empregadores considerem os riscos psicossociais nos seus programas de gerenciamento. Segundo o desembargador, a atualização da NR-1 exige que os comitês internos de saúde e segurança mapeiem esses riscos por meio de diagnósticos participativos, como pesquisas com trabalhadores e trabalhadoras. “Esses fatores psicossociais precisam ser levados a sério, porque tudo redunda no nosso ambiente de trabalho”, afirmou.

O desembargador Welington Peixoto apresentou um curto vídeo da conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Renata Gil, coordenadora do Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação nos tribunais. Ela enfatizou a importância de combate ao assédio no âmbito da Casa de Justiça, diante de inúmeras denúncias recebidas na Ouvidoria Nacional do CNJ relacionadas ao assédio no Poder Judiciário. “É importante essa conscientização, falar sobre o tema, sobre as novas tipologias de assédio e as práticas eficientes dos tribunais de combate ao assédio”, afirmou a conselheira ao mencionar um novo patamar de eficiência das comissões de assédio. Ela reforçou o compromisso do CNJ em apoiar e aprimorar as iniciativas dos tribunais no enfrentamento ao assédio, colocando à disposição a equipe do Conselho para colaborar nesse processo.

Apelo

Juíza Ceumara Soares

A juíza do TRT-GO Ceumara Soares, coordenadora do Subcomitê de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e do Assédio Sexual no 1º grau de jurisdição, falou na sequência. Ela reforçou a importância da campanha contra o assédio, que será desenvolvida no tribunal durante todo o mês de maio com várias ações e material de conscientização. “Quando a gente tem êxito em conscientizar e prevenir, a gente consegue atingir nosso grande objetivo, que é inibir e evitar que situações concretas de assédio ocorram”, destacou a juíza.

Ceumara Soares fez um apelo aos magistrados e servidores presentes e aos que assistiam à transmissão ao vivo do evento para participarem das atividades, consumirem as informações disponibilizadas na internet e lerem as cartilhas sobre assédio. “Com isso, estaremos nos educando e exercitando uma cultura de cuidado e de atenção às nossas relações interpessoais no nosso ambiente de trabalho para que a gente consiga garantir e manter, em todas as unidades do tribunal, ambientes de trabalho saudáveis, abertos à diversidade, acolhedores e livres de assédio e de qualquer conduta discriminatória”, finalizou.

Cobranças

Procurador-chefe do MPT-GO, Alpiniano Lopes

O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO), Alpiniano Lopes, ressaltou que o combate ao assédio e à discriminação é um dos temas mais importantes para o MPT. Ele disse que sempre há metas a cumprir e que nem toda cobrança é assédio. Para Alpiniano, a diferença está na forma de cobrar. “Um pedido é muito melhor que uma determinação”, explicou. Para ele, deve haver educação, saber pedir com gentileza e alegria e elogiar a pessoa quando o trabalho dela for bem feito. “Isso ajuda no meio ambiente de trabalho”, ressaltou.

Prática danosa

A juíza auxiliar da Presidência do TRE-GO, Ana Cláudia Veloso, participou da abertura do evento representando o presidente do Regional Eleitoral, desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga. Ela disse que o assédio é um desrespeito muito grande com quem trabalhamos e que essa prática é danosa para os tribunais e para todos os entes societários privados. “É uma mazela que assola todo o ambiente de trabalho não só no setor público, mas, notadamente, no setor privado, que é onde as pessoas sequer ingressam nas carreiras por concurso. Então elas correm ainda mais risco de serem prejudicadas no seu local de trabalho”, frisou.

Juíza do TRE-GO Ana Cláudia Veloso

Ana Cláudia Veloso acrescentou que o assédio começa silencioso, afirmou que não existe possibilidade de nutrir uma saúde mental sendo assediado e reforçou que o assédio é uma munição para destruir os outros. “Cabe a nós fazermos do nosso ambiente de trabalho, todos os dias, um ambiente onde a dignidade, a paz e a prosperidade sejam o tripé do nosso encontro com o nosso semelhante”, finalizou.

Começo sutil

A psicóloga Rita de Cássia Mendes também chamou a atenção para a natureza silenciosa e progressiva do assédio. “Ele não começa com gritos. Ele começa de forma sutil, com exclusões, com omissões, com ironias. E vai crescendo até causar impactos profundos na autoestima, na saúde mental e no clima institucional”, explicou. Ela apontou sinais de alerta emocionais, comportamentais e verbais e disse que é importante prestar atenção neles.

Rita de Cássia reforçou que é preciso romper o silêncio diante das situações de assédio

A psicóloga destacou práticas que configuram assédio, como a exclusão de reuniões e decisões, o boicote a informações, a discriminação por raça, gênero, orientação sexual ou estado civil. “Esse isolamento causa sofrimento e adoece. Por isso, precisamos romper o silêncio e promover o diálogo como ferramenta de fortalecimento da segurança psicológica”, defendeu. Ela ainda frisou a importância da comunicação assertiva no combate ao assédio.

A palestrante também citou as consequências que o assédio traz para as vítimas (entre elas estresse, ansiedade e depressão), para a organização ou empresa (como ambiente tóxico e redução da produtividade) e para o Estado (a exemplo dos custos para o tratamento médico e psicológico das vítimas no sistema público de saúde).

Rita apresentou dados que reforçam a necessidade de enfrentamento ao assédio. Ela mencionou que, segundo o Monitor do Trabalho Decente do TST, houve um aumento de 38% nas ações judiciais envolvendo assédio entre 2023 e 2024, com maioria das autoras sendo mulheres. No setor público, ela apontou que pesquisas do IBGE, do TST e do CNJ também indicam crescimento nas queixas por assédio e insatisfação com o ambiente organizacional. “Hoje, ninguém está sozinho. Essa campanha existe para empoderar a vítima e também responsabilizar o assediador, que muitas vezes nem percebe a violência que está cometendo”, afirmou ao mencionar a rede de apoio que inclui ouvidorias, psicólogos, assistentes sociais e colegas atentos.

Da esquerda para a direita: Alpiniano Lopes (MPT-GO), Rita de Cássia Mendes, Welington Peixoto, Alessandra Gontijo (TRE-GO), Kleber Waki e Ceumara Soares

A psicóloga encerrou reafirmando que a responsabilidade pelo combate ao assédio e à discriminação é de todos e que romper o silêncio diante de situações de assédio é garantir a segurança psicológica no trabalho. “Que vocês possam romper esse silêncio com doçura, com leveza, não só pelo processo judicial. A gente pode fazer a mediação, a conciliação e pode criar um ambiente educativo, de aprendizagem, de acolhimento. Todos nós estamos em busca da felicidade. Vamos ser felizes no ambiente de trabalho”, encerrou.

Ainda participaram da solenidade de abertura da Semana os juízes do TRT-GO Eunice Castro e Kleber Waki, coordenador pedagógico da Ejud 18, a desembargadora eleitoral Alessandra Gontijo, ouvidora regional eleitoral do TRE-GO, e servidores do TRT-GO e TRE-GO.

Programação

Veja abaixo a programação da “Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação”, com atividades presenciais voltadas a magistrados, servidores, estagiários e colaboradores terceirizados do TRT-GO e TRE-GO.
Dia 7/5
9h30 – Oficina presencial, com teoria e prática, no auditório Cedro, sobre Técnicas de Defesa Pessoal, ministrada por Teomália Barbosa, a primeira instrutora autorizada por mestre Kobi a ensinar Krav Maga, um sistema de defesa pessoal israelense, no Estado de Goiás.
Dia 8/5
15h – Palestra online “Liderança e Saúde Mental no Trabalho” com o procurador federal e secretário da Comissão de Ética da AGU professor Davi Valdetaro Gomes Cavalieri. Ele é autor do livro “Compliance e saúde mental nas organizações”. A palestra será transmitida pelo canal do TRE-GO no YouTube.
Dia 9/5
15h – Palestra presencial com transmissão ao vivo pelo canal do TRE-GO no YouTube com o tema: “Combate ao assédio e à discriminação” com a procuradora do Ministério Público do Trabalho Janilda Guimarães de Lima. O evento acontecerá no auditório do edifício sede do TRE, na Praça Cívica.
Dia 16/5
9h às 12h – Oficina “Enfrentamento à violência, ao assédio e a todas as formas de discriminação no ambiente de trabalho”, conduzida pelas psicólogas Marina Junqueira Cançado e Gabriela Castro no Auditório Cedro, também com inscrição prévia na página da Ejud-18.

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LN/WF/JA/JM

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