Gabriela Augusto: advogada, mulher trans e negra encanta pelo relato de sua história e convida todos a implementarem mudanças para um mundo mais inclusivo e plural

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O TRT-18 promoveu na última quinta (8/7) a palestra “Diversidade e inclusão: por que construir um ambiente plural?” com a consultora trans Gabriela Augusto. O evento foi transmitido pelo canal do TRT-Goiás no Youtube (youtube.com/trtgoias) e faz parte da construção da Política de Diversidade, Equidade e Igualdade de Gênero do TRT 18ª, em conformidade com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável ODS nº 5 – Igualdade de Gênero – da Agenda 2030 da ONU.

Gabriela Augusto iniciou a palestra contando um pouco da história dela e de todo o processo de autoentendimento e autoaceitação. Ela é uma mulher trans, de 28 anos, que luta pela diversidade e inclusão mundo afora. Após se formar em Direito e começar a viver a sua transgeneridade, Gabriela escreveu um pequeno livro para disseminar e promover a cultura do respeito às diferenças nas organizações e qual não foi a sua surpresa ao se deparar com a resistência da maioria das empresas contactadas.

Ela começou, então, a estudar estratégias para convencer as corporações a se comprometerem com a diversidade e foi, com o tempo, conquistando espaços importantes. Gabriela citou pesquisas que apontam que a diversidade estimula melhores práticas de negócios e torna as empresas mais eficientes e as pessoas mais felizes no ambiente laboral.

Ao falar da superação das situações de preconceito que vivenciou ao longo de sua vida, Gabriela chamou todos a “arregaçar as mangas e protagonizar a mudança”. Para ela, promover uma cultura de respeito é responsabilidade de todas as pessoas. Citou um exemplo prático para mostrar que estamos inseridos numa sociedade marcada por valores arraigados, os vieses, que estão embutidos nas relações sociais e que, em alguma medida, são reproduzidos por nós. Pediu para que colocássemos no Google as palavras ‘casal feliz’ e clicássemos em imagens. A surpresa, ou não, veio em seguida: a pesquisa mostrou apenas fotos de homens e mulheres como casais, não retratando a diversidade existente de fato na sociedade.

“A gente precisa ter consciência dos nossos vieses e trabalhar para minimizá-los”, ressaltou Gabriela. Em outras palavras, pensar em diversidade e inclusão passa por um olhar por si mesmo, o que estamos reproduzindo, como isso está impactando o nosso entorno e o que podemos fazer para melhorar isso.

Por fim, Gabriela Augusto respondeu a várias perguntas e falou da importância de iniciativas como essa do TRT, que podem ajudar a construir um mundo mais justo. “Nós aqui presentes podemos integrar esse movimento global bastante poderoso para promover mudanças e tornar o mundo mais justo para as pessoas trans, pessoas negras, para as mulheres”, concluiu.

O desembargador Daniel Viana Júnior, presidente do TRT, também pontuou em sua fala que os “vieses inconscientes” ainda estão presentes e precisam ser reduzidos com informação, debate e treinamento. “O TRT dá um passo muito significativo na construção e promoção da diversidade”, afirmou ao falar do compromisso assumido por sua administração de integrar a Agenda 2030 da ONU nas atividades administrativas e jurisdicionais do Tribunal, especialmente visando o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 5, que fala da necessidade de se eliminarem todas as formas de discriminação de gênero, nas suas intersecções com raça, etnia, idade, deficiência, orientação sexual, identidade de gênero, territorialidade, cultura, religião e nacionalidade.

“Empreender a diversidade no ambiente de trabalho é fundamental para que haja valorização de todo o corpo funcional e assim possamos construir e aprimorar uma cultura organizacional sólida que acolhe e aceita as pessoas em suas diferenças”, salientou o desembargador.

Daniel Viana pontuou também algumas das consequências positivas de se promover o respeito à diversidade no trabalho, tais como o aumento da sensação de pertencimento e a valorização do trabalho em equipe. A presente live é uma das etapas de construção da política de diversidade no Tribunal, cujo texto será submetido à aprovação pelo Pleno.

O desembargador, citou, por fim, outras iniciativas do TRT-18 na promoção da diversidade como a realização do Seminário “Diversidade, gênero e raça”, em novembro de 2020, e a adoção e adequação do nome social no sistema de gestão de dados funcionais de magistrados e servidores. Essa norma assegura a possibilidade do uso de nome social às pessoas transgêneras, travestis e transexuais usuárias dos serviços judiciários, bem como aos magistrados, aos estagiários, aos servidores e aos trabalhadores terceirizados do Poder Judiciário, em seus registros funcionais, sistemas e documentos. O nome social é aquele por meio do qual uma pessoa se identifica e é reconhecida na sociedade.

Participaram do evento como convidados o procurador Alpiniano Lopes, representando o Ministério Público do Trabalho em Goiás, a advogada Amanda Souto, presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/Goiás, a juíza Wanda Lúcia Ramos, representando a Escola Judicial do TRT-18 e o desembargador Paulo Pimenta.

Um pouco sobre a palestrante

Gabriela Augusto é mulher trans, tem 28 anos e é diretora e fundadora da Transcendemos Consultoria. Por meio da sua empresa, desenvolveu e implementou projetos relacionados à diversidade em organizações como Google, Gerdau, Citi e Kraft-Heinz.

Gabriela é bacharela em Direito pela PUC-SP e especialista em Design Thinking pela Echos Innovation Lab. Também faz parte do Núcleo de pesquisa sobre Sexualidades, Feminismos, Gênero e Diferenças da PUC-SP. Em 2020, recebeu o prêmio LGBTQ+ Achievement Award da Consultoria McKinsey & Company e também foi eleita como Top Voice do LinkedIn.

Fabíola Villela
Comunicação Social – TRT-18

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