A abertura da 2ª edição da Semana Jurídica 2024 do TRT-GO contou com palestras proferidas por dois especialistas em inteligência artificial, o advogado Raphael Cianga e o juiz Jorge Alberto Araújo, do TRT do Rio Grande do Sul. Foram abordados os desafios e oportunidades do Chat GPT para o sistema judicial e dicas práticas de uso mais eficiente da ferramenta. Cerca de 200 magistrados, servidores e público externo lotaram o auditório Ypê no Complexo Trabalhista de Goiânia para assistir à abertura do evento na manhã desta quarta-feira (11/9).
Benefícios do Chat GPT
O advogado especialista em Direito Digital, Raphael Cianga, ressaltou a necessidade de aumentar a capacidade de trabalho e melhorar os fluxos de trabalho na Justiça do Trabalho, que conta com um saldo de 5 milhões de processos pendentes de solução e menos de 50 mil servidores e magistrados. Segundo ele, o Chat GPT pode auxiliar magistrados e também advogados, seja para criar minutas de petições e decisões com menos erros, revisar textos, consultar jurisprudência de forma mais ágil e ainda fazer resumos de peças judiciais. Ele mencionou como principais inteligências artificiais, além do Chat GPT, o Gemini, Microsoft Copilot, Llama e Claude AI.
Raphael Cianga apresentou dados de um estudo que comparou o trabalho de advogados especialistas com o da inteligência artificial na revisão de contratos, o Caso LawGeex. “A inteligência artificial completou a tarefa em 26 segundos com 94% de precisão, enquanto os advogados levaram, em média, 92 minutos com 85% de precisão”, detalhou ao destacar que as IAs propiciam mais agilidade ao trabalho e automatizam aquelas tarefas burocráticas e repetitivas. “Isso permite que tenhamos mais tempo para usar o nosso intelecto para fazer as tarefas mais complexas”, destacou.
Conforme o especialista, também é necessário ter atenção para o uso ético e seguro das inteligências artificiais no Poder Judiciário, prezando também pela transparência, ou seja, informando as partes interessadas sobre o uso de IA em processos judiciais. Ele mencionou que as IAs não têm a compreensão do contexto que nós temos, não sabem o que é bom e o que é ruim e não conseguem entender o que a gente tá pensando, podendo trazer interpretações equivocadas. “Justamente por isso a gente tem que ter sempre um humano por trás para conseguir assegurar a qualidade e a veracidade das informações”, ressaltou ao mencionar que a IA deve ser vista como ferramenta de apoio e não substituta, devendo os servidores e magistrados revisar e corrigir o trabalho das inteligências artificiais.
Chat GPT na prática
O juiz do trabalho Jorge Alberto Araújo, do TRT do Rio Grande do Sul, falou sobre os vários usos da inteligência artificial na sua rotina como magistrado. Ele explicou que uma boa elaboração dos Prompts, ou seja, comandos dados à inteligência artificial, é fundamental para se obter recursos de maior qualidade com o Chat GPT. A primeira coisa é dizer à inteligência artificial qual será o papel dela na construção da resposta, dando comando do tipo “aja como um gramático ao revistar tal texto” ou “aja como um especialista em Direito e forneça um resumo sobre tal texto”.
Jorge Alberto contou que recebeu uma peça de embargos declaratórios bem difícil que ele não tinha entendido nada. Então pediu para a IA esclarecer o documento para uma pessoa que tenha apenas o ensino básico e ficou surpreso com a clareza das informações dadas pelo Chat GPT, o que facilitou o julgamento dos embargos. Segundo ele, quanto mais claro e específico o comando, além de contextualizado, melhor serão as respostas dada pela inteligência artificial.
O magistrado afirmou que ainda há resistência entre alguns juristas sobre o uso da inteligência artificial no Judiciário, no entanto, segundo ele, a ferramenta veio para ficar e não tem como andar para trás. “Cada dia que vocês não experimentam ou não brincam com o Chat GPT é algo que vocês estão perdendo”, destacou o magistrado, que já criou várias ferramentas dentro do Chat GPT que o auxiliam na rotina de análise de petições, contestações, perícias e na elaboração das sentenças.
A 2ª edição da “Semana Jurídica 2024” acontece até sexta-feira, 13/09, no auditório Ipê do TRT-GO e ainda contará com palestras sobre trabalho escravo, linguagem simples no Poder Judiciário e Pós-positivismo.
Confira a galeria de fotos do evento.
LC/JA
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