Clóvis de Barros Filho: “A sociedade nos adestrou a desejar, mas nos proibiu a alegria.”

Publicado em: 15/12/2017
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Quem assistiu à palestra do conferencista Clóvis de Barros Filho, escritor e professor de Ética da USP, na manhã desta sexta-feira, 15/12, no auditório do Fórum Trabalhista de Goiânia, pôde compreender melhor como dar valor ao trabalho e à vida numa sociedade que nos ensinou a desejar e desejar e nunca estar satisfeito com o que temos, e se alegrar em servir. O evento, com o tema “O amor à vida e ao trabalho”, foi direcionado a magistrados e servidores e encerra as atividades da Escola Judicial do ano de 2017, marcando também a comemoração dos 10 anos da unidade.

Na abertura, o diretor da Escola Judicial, desembargador Elvecio Moura, homenageou os ex-diretores da Escola que contribuíram para que a unidade seja uma referência nacional e agradeceu a presença do professor Clóvis de Barros. “O objetivo desta palestra é promover a sensibilidade dos participantes para a importância de escolher os caminhos que levam a uma vida de comprometimento com o trabalho e com a qualidade de vida, de forma que possam ser felizes em suas carreiras”, explicou.

Para falar sobre o amor, Clóvis de Barros trouxe conceitos de amor de três grandes homens, Platão, Aristóteles e Jesus. Ele explicou o entendimento de cada um sobre o que é amor. Na visão de Platão, amar é desejar, ou seja, a pessoa ama aquilo que ela deseja, e ela deseja aquilo que lhe falta. Já Aristóteles introduz um conceito de amor oposto ao de Platão. “O amor de Aristóteles é pelo mundo tal como ele é. É uma reconciliação com o mundo, salvação dos casais, salvação das amizades, salvação da vida como ela é, é um amor na presença, é um amor alegre”, esclareceu.

Nesse sentido, Clóvis relacionou o conceito de Aristóteles com o de alegria do filósofo Baruch Espinosa. Para este último, a alegria é essa energia que temos para viver, que ele chamou de potência de agir, ou seja, a alegria é uma passagem para um estado mais potente de si mesmo. “A alegria é amor toda vez que junto dela temos uma ideia de sua causa”, pontuou a respeito da visão de Espinosa.

Diferentemente dos outros dois pensadores gregos, Jesus trouxe uma nova forma de enxergar o amor, não a partir do “eu”, o amante, mas a partir do “outro”, o amado. É o amor ágape. “Uma vida regida pelo amor é uma vida que você não passará um segundo sem tentar tirar de alguém um sorriso, que sem você não teria podido sorrir (…) uma vida dedicada ao outro, dedicada ao próximo, num movimento de generosidade e de entrega, que não espera nenhum retorno e nenhuma volta”, explicou sobre o amor segundo Jesus de Nazaré.

Sobre qual dos três pensadores têm mais razão, o professor ponderou que os três têm razão de alguma forma, pois nada impede que a pessoa ame desejando, que ame se alegrando ou que ame oferecendo e proporcionando. “Se os três forem de referência para você, a chance de a vida ser mais colorida aumenta. Porque, no final das contas, nada se faz sem desejo, já que somos desejantes, e para transformar o mundo é preciso desejar, mas o desejo só vai ter graça se você souber convertê-lo em alegria um dia, quando aquilo que você desejava for realidade. Mas o desejo e a alegria só terão graça se você não se alegrar sozinho, se você puder se alegrar e comemorar com todo mundo, ter solidariedade na alegria”, finalizou.

Ao final, Clóvis sustentou que a lição de Jesus é óbvia para os servidores públicos, que têm na própria nomenclatura o termo servir. “Seja qual for a tua profissão ou teu ofício, quem trabalha proporciona muito mais do que recebe”, disse comparando com o ensinamento de Jesus de que o grande barato da vida é proporcionar mais do que receber. “O amor pelo trabalho é o amor pela dádiva, pela generosidade, é o amor por uma vida voltada para o outro, é o amor onde o significado da vida se encontra deslocado na figura de qualquer um que possamos ajudar, que Jesus de Nazaré denominava o próximo”, concluiu. Por último, ele citou a frase de Nietzcche: “Viva de tal maneira a desejar a eternidade daquele instante”.

Galeria de fotos:

Lídia Neves/Wendel Franco- Seção de Imprensa/CCS

 

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