A Força da Mulher: Ejud 18 comemora mês da mulher com evento sobre empoderamento feminino e equidade de gênero

Publicado em: 14/03/2025
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Juíza Déa Yule (à esquerda), juíza Wanessa Vieira (ao centro) e desembargadora Wanda Ramos (à direita)

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, a Escola Judicial do TRT-GO (Ejud 18) realizou, na manhã desta sexta-feira (14/03), a primeira edição do evento “A Força da Mulher”, reunindo magistradas, servidoras, terceirizadas, advogadas e estudantes para refletir sobre empoderamento e equidade de gênero. O encontro contou com palestras da desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva, que abordou o empoderamento feminino, e da juíza Déa Marisa Brandão Cubel Yule (TRT-MS), que destacou a importância do autoconhecimento na trajetória profissional das mulheres. Além dos debates, o evento também prestou homenagens a mulheres que contribuíram para o fortalecimento da Justiça do Trabalho em Goiás.

Diretora da Ejud, desembargadora Rosa Nair Reis

A desembargadora Rosa Nair da Silva Nogueira Reis, diretora da Escola Judicial do TRT-GO, fez a abertura do evento “A Força da Mulher”, destacando a importância da data como um momento de reflexão e reconhecimento das lutas e conquistas femininas. Ela lembrou e exaltou as mulheres do passado que desafiaram normas, romperam barreiras e pavimentaram caminhos para as gerações futuras. No contexto jurídico, enfatizou que as mulheres vêm conquistando espaço e assumindo posições de liderança, mas que ainda há desafios a serem enfrentados, como a desigualdade salarial, o assédio no ambiente de trabalho, a dupla jornada e a violência de gênero. Rosa Nair reforçou o papel da Justiça do Trabalho na promoção da dignidade feminina, garantindo direitos como igualdade de oportunidades e respeito no ambiente profissional. “Ao garantirmos esses direitos, não estamos apenas defendendo as mulheres, mas fortalecendo toda a sociedade”, concluiu.

Presidente do TRT-GO, desembargador Eugênio Cesário

O presidente do TRT-GO, desembargador Eugênio Cesário, iniciou sua fala destacando a satisfação de ver o Plenário Ipê lotado de pessoas comprometidas com a promoção da igualdade de gênero. Ele ressaltou a importância da reflexão sobre o papel da mulher na sociedade e no universo jurídico, enfatizando a necessidade de uma postura inclusiva e respeitosa com as mulheres. Para ele, a luta pela igualdade precisa ser constante, especialmente em um cenário preocupante como o de Goiás, Estado que lidera as estatísticas de criminalidade contra a mulher no Brasil. “Que possamos sair daqui melhores do que entramos”, concluiu.

Juíza Wanessa Vieira

A juíza Wanessa Rodrigues Vieira, mediadora do encontro, destacou a importância da presença feminina na Justiça do Trabalho. Ela ressaltou que, apesar de as mulheres serem maioria entre as servidoras e magistradas de primeiro grau, essa representatividade ainda não se reflete nos tribunais superiores e nos cargos de alta gestão. Para Wanessa, a discussão sobre a força da mulher também passa pela reflexão sobre o chamado “teto de vidro”, que limita o avanço feminino em posições de liderança. Ao abrir os debates, enfatizou a honra de ouvir a desembargadora Wanda Lúcia Ramos, que superou essas barreiras, ao ter alcançado o cargo de desembargadora, e a juíza do trabalho Déa Yule, do TRT-MS.

“Mulheres empoderadas empoderam outras mulheres”

A primeira palestra foi conduzida pela desembargadora Wanda Lúcia Ramos, que abordou o conceito de empoderamento feminino a partir da reflexão sobre poder e significado de vida. Inspirada pela literatura e por experiências profissionais, ela destacou que a busca pelo empoderamento não se trata apenas de ocupar espaços, mas de dar sentido ao próprio caminho, superar barreiras e fortalecer o papel da mulher na sociedade e no Judiciário. Fazendo referência ao livro “A Morte de Ivan Ilitch”, de Tolstói, e ao conceito estoico Memento Mori (“lembre-se da morte”), a magistrada ressaltou a importância de refletir sobre a finitude da vida para evitar uma existência burocrática e vazia, resgatando escolhas que tragam impacto e realização verdadeira.

Desembargadora Wanda Lúcia Ramos

Wanda Lúcia trouxe dados sobre a presença feminina na Justiça do Trabalho, ressaltando que, embora as mulheres sejam maioria no Tribunal, ainda enfrentam desafios para ascender a cargos de alta gestão. Ela mencionou a Resolução do CNJ 525/2023, que busca garantir maior equidade de gênero nos tribunais, e enfatizou que a mudança cultural é essencial para quebrar barreiras invisíveis, como o chamado “teto de vidro”, que limita o avanço das mulheres em determinadas posições de liderança. Wanda Lúcia lembrou sua própria trajetória de três décadas de dedicação à magistratura, quando optou por seguir na carreira e disputar a promoção para desembargadora, em 2023. “O que eu gostaria de deixar é que, para qualquer pretensão de crescimento na carreira, seja para alçar novos cargos ou simplesmente para escolher e dar sentido ao que fazem, é essencial encontrar propósito no trabalho, algo que traga alegria ao sair de casa e enfrentar o dia”, ressaltou.

Para Wanda Lúcia, o verdadeiro empoderamento não está na competição entre homens e mulheres, mas na construção de uma parceria equilibrada. Segundo ela, fortalecer o feminino não significa apenas ampliar espaços de poder para as mulheres, mas reconhecer e valorizar as características femininas presentes em toda a sociedade, inclusive nos próprios homens. “Empoderar o feminino é empoderar o feminino em nós e nos homens. Empoderar o masculino é empoderar o masculino nos homens e nas mulheres”, explicou. Ela concluiu reforçando a importância do compartilhamento de conhecimento entre as mulheres. “Mulheres empoderadas empoderam mulheres”, destacou, incentivando a busca por oportunidades e o apoio mútuo para fortalecer a presença feminina em todas as esferas.

Confetes

Juíza Déa Yule

A juíza do TRT-MS Déa Yule fez a segunda palestra com o tema “Toda mulher quer confete – Identificando as próprias forças para o sucesso”, mesmo título do livro de sua autoria. Numa apresentação mais descontraída e com foco na psicologia positiva, a magistrada disse que é preciso pensar fora da caixa e estar aberto ao novo. Instigou as mulheres presentes a refletirem sobre as forças interiores que as movem e as fazem chegar ao sucesso e à felicidade. Disse que elas devem se valorizar antes de tudo. “Se a gente não se valorizar, não se reconhecer como ser humano digno, ninguém vai nos reconhecer. Então o primeiro confete tem que vir da gente mesma, de dentro da gente”, enfatizou.

Durante a palestra, Déa Yule convidou as mulheres presentes a participarem de duas atividades interativas. Na primeira, pediu-lhes que atribuíssem notas numa folha de papel a valores que compõem a Roda da Vida (pessoal, profissional, financeiro, relacionamento, família e lazer). “Se eu estou dando nota baixa a esses valores, eu tenho que realinhar essa nota”, disse citando como exemplo o lazer. “Todo ser humano precisa de lazer, de uma nota boa”, enfatizou. Na segunda atividade interativa, de engajamento, ela chamou voluntárias ao palco e colocou uma música para que elas dançassem, acompanhadas do restante da plateia. O pedido foi atendido e as participantes riram e se divertiram. A juíza explicou, então, que o engajamento consiste em se desligar dos problemas e se concentrar naquilo que se está fazendo, no caso, a dança naquele momento da palestra.

Déa Yule destacou a importância do autoconhecimento, afirmando que ele é inter-relacional. “O autoconhecimento depende de entender quem eu sou comigo e quando me relaciono com o outro”. A juíza destacou ainda que, para se ter uma vida bem-sucedida é preciso emoções positivas (exercitar a positividade e a gratidão), engajamento (desligar-se dos problemas e conectar-se com o que se está fazendo no momento) e uma vida significativa (entender o próprio significado e o significado das coisas).

Homenagens

Procuradora do MPT-GO Cláudia Telho

Antes de encerrar o evento, a Ejud 18 fez uma homenagem a nove mulheres que atuaram e atuam na Justiça do Trabalho goiana. A procuradora do MPT-GO Cláudia Telho foi uma delas. Ao fazer o agradecimento em nome das homenageadas, ela destacou a força e a resiliência das mulheres, comparando-as a “rios que contornam obstáculos e seguem o seu curso com uma força silenciosa que alimenta e fertiliza tudo ao seu redor”. Lembrou que elas sustentam a sociedade com gestos diários que são, muitas vezes, invisíveis e sem reconhecimento. A procuradora ressaltou o papel fundamental das mulheres na história, mesmo que muitas vezes silenciado, e enfatizou a presença feminina crescente no universo jurídico.

Cláudia Telho chamou a atenção para o percentual de mulheres pobres no mundo, uma questão alarmante. “De acordo com o Banco Mundial, 70% das pessoas mais pobres do mundo são mulheres. Portanto, o caminho ainda está sendo aberto à foice, em meio ao mato selvagem”, frisou. Após agradecer ao TRT-GO, em nome das homenageadas, a procuradora do MPT-GO finalizou dizendo que o desafio das mulheres é construir os alicerces da mudança.

Veja quem são as mulheres homenageadas:

– Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque, desembargadora do TRT-GO (representada na solenidade pela desembargadora do TRT-GO Wanda Lúcia Ramos)
– Ana Márcia Braga Lima, juíza aposentada (representada por sua filha, a servidora do TRT-GO Ana Beatriz Braga)
– Cláudia Telho Correa Abreu, procuradora do MPT-GO
– Jane Araújo dos Santos Vilani, procuradora do MPT-GO
– Elisabete Neves Tomé Bitencourt, servidora do TRT-GO
– Maria Lúcia Fleury da Silva e Souza, servidora aposentada do TRT-GO
– Mércia Aryce da Costa, advogada
– Neuza Vaz Gonçalves de Melo, advogada
– Yara Nunes Dos Santos, secretária de Estado da Cultura de Goiás e servidora do TRT-2 (SP)

Empoderamento
Thiago Nascimento, servidor da 14ª Vara do Trabalho de Goiânia

Thiago Nascimento, servidor da 14ª Vara do Trabalho de Goiânia

O evento contou com um público majoritariamente feminino, mas muitos homens também prestigiaram a atividade proposta pela Ejud 18. O servidor Thiago Nascimento foi um deles. Ele defendeu a importância de os homens encabeçarem o empoderamento feminino. “Eu acredito que os homens precisam não só de aderir à ideia, mas de reforçá-la, de encabeçá-la. Porque o empoderamento feminino é vantajoso não só para mulher, mas para a sociedade, para família”, disse ele.

Mulheres na conciliação

Durante o evento, o Cerimonial leu uma mensagem da desembargadora vice-presidente, corregedora e coordenadora do Nupemec do TRT-GO, Iara Rios, lembrando que o tribunal decidiu realizar, neste mês de março, uma ação preparatória para a 9ª Semana Nacional da Conciliação Trabalhista que consiste em incentivar a participação feminina nas audiências de tentativa de conciliação realizadas pelos Cejuscs da Justiça do Trabalho goiana. Os centros de conciliação vão selecionar processos em que as partes envolvidas são mulheres e priorizar as tentativas de acordo nesses casos em duas datas específicas: 10 e 24 de março. Mulheres que têm ações trabalhistas que queiram ter seus processos incluídos ainda podem fazer a solicitação para a pauta do dia 24, entrando em contato com o Cejusc de sua região.

Segunda edição

A segunda edição do evento “A Força da Mulher” será realizada no dia 4/4/25 também no Plenário Ipê, das 9h às 12h. As convidadas são a ministra do TST Morgana de Almeida Richa e a juíza do TRT-PR Ana Paula Sefrin Saladini, que fará palestra sobre “Trabalho invisível de cuidado”, tema do livro de sua autoria. As inscrições podem feitas até dia 3/4/25 pelo sistema da Ejud.

Veja mais fotos no álbum do evento A Força da Mulher.

LN/WF/JA

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