Servidor aposentado Cauci de Sá Roriz é entrevistado no Programa História Oral do TRT18

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Cauci de Sá Roriz

Considerando que o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região é um tribunal relativamente jovem, a Escola Judicial por meio do Centro de Memória vem desenvolvendo o Programa de História Oral. Projeto que consiste em registrar, mediante depoimentos gravados, fatos e informações vivenciadas por pessoas que testemunharam ao longo de toda uma vida de trabalho e dedicação, o início, a evolução e a promoção desta justiça no estado de Goiás.

Os registros são preciosos e, ao assistirem aos depoimentos, as pessoas terão a oportunidade de viajar no tempo, no qual, cada um dos entrevistados, com suas peculiaridades, mostram sob sua perspectiva e ótica, como foi construído o TRT da 18ª Região, qual é a sua história, porque e como chegamos até aqui. O famoso filósofo, escritor e educador Mário Sérgio Cortella, afirma: “O descuido com a memória apodrece as pontes para o futuro.”

Um dos entrevistados no programa foi o servidor aposentado Cauci de Sá Roriz. Nascido em Belo Horizonte, sempre foi ligado ao Rio de Janeiro, cidade de origem de sua família. É formado em Administração de Empresas pela Faculdade Morais Júnior no Rio de Janeiro.

Quando adolescente simpatizava com a Psicologia, chegou até a passar no vestibular, todavia o curso além de caro, era ministrado durante o dia, o que o impedia de trabalhar. Iniciou suas atividades laborais, logo quando deixou o exército aos 19 anos, no departamento jurídico do Ponto Frio, posteriormente, Abril Cultural e uma empresa de Consultoria.

Nos anos 80, já cursando Administração de Empresas, foi selecionado para trabalhar na Portobrás – antigo Departamento de Portos e Vias Navegáveis em Brasília-DF, na qual ascendeu profissionalmente, vindo a ser promovido ao cargo de Administrador Sênior, exercendo vários cargos de confiança, inclusive o de Chefe do Departamento Administrativo da citada empresa, responsável, inclusive, pela Área de Recursos Humanos da referida empresa.

Com as reformas econômicas e planos de estabilização da inflação criados durante o governo Collor de Mello, que culminaram entre outras com o fechamento de ministérios, autarquias e empresas públicas e demissão de funcionários públicos, a Portobrás, empresa em que trabalhava há 14 anos, entrou em processo de liquidação.

Embora convidado pelo então ministro do DASP para exercer cargo no referido Departamento, Cauci, pai de 4 crianças, optou por buscar novos desafios. Permaneceu vinculado à Empresa de Portos, como responsável pela área de RH, ou seja, acompanhando a demissão de amigos e colegas trabalhadores daquela empresa.

Foram momentos muito difíceis de sua vida. Além das obrigações do trabalho na Portobrás, em fase de liquidação, vendo muitos amigos sendo demitidos e buscando colocação em outros Estados do Brasil, passou também a se dedicar ao estudo das matérias exigidas pelos muitos concursos públicos para provimento de cargo efetivo que foram abertos, mormente na Justiça do Trabalho.

Certo dia, um colega da empresa, com quem não possuía nenhum tipo de relacionamento de amizade mais estreita, o procurou em sua sala e, sem que lhe fosse perguntado, disse a Cauci que estava indo a Goiânia para fazer a inscrição no concurso que seria realizado pelo Tribunal do Trabalho. Cauci, então, lhe perguntou: “Não é Ministério do Trabalho?” “Não!”, respondeu o colega, “É Tribunal do Trabalho, que acabou de ser criado.”

Sem muito pensar a respeito, num estalo, Cauci perguntou: “Você faz a minha inscrição?”. O colega respondeu: “Claro que sim!”. De imediato, dirigiu-se a um cartório, providenciou a procuração e toda a documentação necessária, bem como a do seu irmão, Ubirajara Sá Roriz. Por ironia do destino, ambos foram aprovados, mas não o moço benfeitor.

Apesar de ter sido escolhido, dentre 70 outros colegas, para compor o quadro de pessoal do Departamento criado pelo Presidente da República para substituir a empresa, a perspectiva de novo trabalho, novas amizades, novas atividades, aliviou sua alma e deu-lhe a segurança que buscava para poder continuar educando seus filhos e vivendo em paz. A instabilidade emocional dos então governantes não lhe davam nenhuma segurança quanto ao futuro.

Seu irmão tomou posse de imediato, em 17 de janeiro de 1991. Cauci veio com o irmão e aqui “conheceu pessoas extraordinárias, das quais jamais se esquecerá, Cleidimar Almeida, que posteriormente assumiu o cargo de Juiz do Trabalho, Ivonilde, Yara, Ricardo, dentre tantos outros.” Relembra que esticou um pouco mais, dentro do prazo legal, a sua posse do cargo efetivo, tendo entrado em exercício em março/91.

Aos 41 anos de idade, bem-conceituado, de administrador sênior de uma grande empresa, na qual gerenciava um número considerável de funcionários, lotados na sede da Portobras e nos portos diretamente administrados por ela, optou pelo desafio de começar tudo de novo, ocupando, inicialmente, um cargo de nível médio, percebendo remuneração mensal correspondente a 1/3 do salário anterior. Nesse momento, o apoio de sua esposa foi fundamental para o enfrentamento das dificuldades naturais que se apresentavam.

Naquele início, a parte administrativa do novo Tribunal funcionava na 10ª Avenida na Vila Nova, no primeiro andar do prédio onde hoje funciona a Caixa Econômica Federal. Segundo Cauci, eram apenas duas salas sem o menor conforto. Faltava praticamente tudo, inclusive material básico de escritório, o ambiente não era climatizado e o calor era enorme. Não dispunha, sequer, de arquivos de aço, de modo que as pastas funcionais dos servidores ficavam dispostas no chão.

Cauci conta que lhe chamou atenção o carinho com que foi recebido, sentiu-se abraçado. Relembra também que, à época, teve que conhecer o estatuto dos servidores, mergulhou na lei 8.112 com a plena consciência de que o tribunal tinha uma longa jornada pela frente, que certamente iria crescer e seus servidores teriam oportunidade de ascensão profissional.

Acrescentou ainda que a 18ª Região foi muito feliz no seu primeiro concurso, trouxe uma turma de servidores recém saídos da faculdade muito animados com aquela primeira conquista, inteligentes, dispostos e com muita vontade de produzir. A perspicácia e a coragem do primeiro presidente contribuíram sobremaneira para o tribunal funcionar em pouquíssimo tempo.

Cauci de Sá Roriz ocupou diversos cargos de confiança nesta casa de justiça, trabalhou por 18 anos e aposentou-se em 2009. Hoje curte sua aposentadoria e sugere a quem lhe pergunta: “Acredite em você, invista em você, que a vida conspira a seu favor.”

Este e outros depoimentos colhidos no Programa História Oral já estão disponíveis na íntegra aos interessados para consulta, em forma de Playlist no canal do TRT18 no Youtube.

Ariony Chaves de Castro – Chefe do Centro de Memória

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