Presidente Aldon Taglialegna fala ao projeto História Oral do TRT18

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Desembargador Aldon Taglialegna

Preservar a memória de uma instituição não é apenas resgatar o passado é, também, compreender as diferenças e reconhecer a passagem de cada período. Posto isto, o Projeto de História Oral, que tem o propósito de narrar os passos da Justiça do Trabalho no Estado de Goiás, ouviu os relatos de mais um importante personagem da história desse Tribunal, o Presidente Aldon do Vale Alves Taglialegna.

Natural de Tupaciguara, no Estado de Minas Gerais, Aldon nasceu no ano de 1965. Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia/MG em 1986. Filho de um Promotor de Justiça, acabou seguindo a mesma carreira do pai, no Ministério Público de Minas Gerais onde atuou por 2 anos, em diversas áreas. Nesse interregno foi também aprovado em concurso para professor da Universidade Federal de Uberlândia e ali quando ministrava a disciplina aos alunos, descobriu sua afinidade com o direito do trabalho.

Decidiu mudar os rumos da sua vida, ao submeter ao primeiro concurso público para juiz do trabalho substituto do TRT de Goiás em 1991. Aprovado, tomou posse em 1992. Seguindo sua trajetória neste Tribunal assumiu a titularidade das Varas de Jataí e Catalão e por fim da 10ª Vara de Goiânia. Por diversas vezes foi convocado para atuar no Pleno do Tribunal.

Em outubro de 2009 tomou posse como Desembargador Federal do Trabalho deste Regional. Desempenhou, ainda, as funções de coordenador da Ouvidoria, vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional do Trabalho. Atualmente é o Presidente do TRT18, cargo que assumiu no dia 30 de janeiro de 2015.

IMG_0322 (Copy)Em seus depoimentos ao projeto oral, o desembargador presidente deixou registrado um pouco sobre a sua vida pessoal, discorreu ainda a respeito de sua atuação como promotor de justiça em Minas Gerais. Relatou sobre os benefícios da instalação de um tribunal no estado de Goiás tanto para as partes como para os advogados, sua atuação a frente de algumas varas do interior, as dificuldades enfrentadas pelos pioneiros, PJe, as metas impostas aos tribunais, o corte orçamentário imposto de forma discriminatória à Justiça Trabalho e outros assuntos.

O Presidente Aldon acredita que a “sociedade goiana nos reconhece como bons prestadores de serviço. Somos uma justiça que atende bem ao jurisdicionado; o tribunal possui servidores preparados e capacitados. A nossa casa é composta por magistrados vocacionados, preparados e que sabem entregar a prestação com imparcialidade e isenção. Temos um corpo seleto de magistrados e desembargadores aptos para coibir aqueles que querem utilizar a justiça com atos escusos.”

Relembrando o início do tribunal, o presidente Aldon confessa que não imaginava ver o Tribunal tornar-se grandioso como é hoje. Diante daquele momento inicial modesto, era difícil imaginar que de 5 varas nos transformaríamos em 48 varas e 2 postos avançados e com essa estrutura gigante e tão bem aparelhada. Acredita que a continuidade na gestão administrativa e o foco no aprimoramento são os responsáveis pelo crescimento e amadurecimento do Tribunal. Um presidente tenta continuar e aprimorar o que o outro já fez, o que é da maior relevância.

O Presidente relata o desafio de administrar o tribunal na pior fase da sua história. “Tivemos greve de servidores, recursos escassos, cortes orçamentários, contingenciamentos, um incêndio terrível, ou seja, uma experiência ímpar. Sair da reclusão de meu gabinete de desembargador e aproximar principalmente dos servidores, os quais passei a conhecer mais, percebendo uma realidade que até então eu não via, foi uma grande experiência de vida. O contato com os agentes políticos, a comunicação com a imprensa, os problemas administrativos, quem tem me dado suporte é a minha boa assessoria, não é fácil, os desafios são diários”.

Sobre as metas propostas para sua administração, considera sua maior vitória o incansável trabalho realizado com a Associação de Magistrados juntos aos parlamentares no Congresso Nacional, que culminou com a aprovação e sanção de projeto de lei de criação de mais de duzentos cargos de servidores no ano de 2015. Se não fosse aprovado naquele momento, não seria aprovado tão cedo. A continuidade da construção do Complexo Trabalhista, a admissibilidade dos Recursos de Revista em dia, a implementação do NURER (Núcleo de Recurso Repetitivo), a implantação da web rádio com aplicativo no celular, que além da boa música, divulga-se também notícias trabalhistas, aumentado a comunicação no âmbito do tribunal. Lembrou ainda que na sua gestão foi autorizada a redistribuição de vários servidores que desejavam ficar mais próximos de sua família.

O Presidente enfatizou a importância do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, que atende a Resolução nº 125/2010, do CNJ, que começou a ser gerada no ano de 2013. Múltiplas audiências iniciais são realizadas por dia, por meio de conciliadores formados pela Escola Judicial, auxiliados por um magistrado que ocupa uma localização central, de forma que todos os conciliadores em suas mesas possam vê-lo, estando conectados pelo spark, possibilitando o atendimento, sempre que solicitado. Essa boa prática do TRT18 faz que os magistrados das Varas que aderem ao programa tenham mais tempo para atuar nos processos mais complexos. O Centro de Solução de Conflitos hoje é uma referência, sendo alvo de diversas reportagens, além de receber visitas de outros regionais, com o intuito de adotarem igual modelo em outros locais do país.

O Presidente Aldon ainda comentou sobre o momento difícil que atravessa o Brasil e em especial a Justiça do Trabalho. “Já sofremos ataques em outros momentos da história e saímos vitoriosos. É uma justiça que, por ser operosa e eficiente, atrai a ira do poder econômico. Mas tenho certeza que a força do povo não permitirá que esses ataques prosperem.”

IMG_0312 (Copy)Sobre o incêndio, lamenta profundamente, “porque aquelas chamas queimaram o dinheiro público, causaram angústia na alma, adiaram sonhos, vai gerar um grande atraso”, afirma. “Não foi criminoso, foi causado por uma fagulha proveniente de uma queda de energia, estamos conseguindo resolver os embaraços e as notícias recentes são animadoras. A Construtora conseguiu um financiamento, assumiu a sua culpa e esperamos que absorva os prejuízos. Vai prosseguir nas próximas etapas, que será a demolição a partir do primeiro andar e a reconstrução da obra. Pretendo até o final da minha gestão dar uma utilidade a essa obra, provavelmente consigamos inaugurar parte do estacionamento para liberar o trânsito. Diante da tragédia que sucedeu, como presidente, já me dou por satisfeito a continuidade dessa construção.”

O Presidente afirma ainda que “o corte do orçamento gerou a necessidade de redução do horário de atendimento ao público, conseguimos economizar muito na conta de energia elétrica. Certamente as pautas se estenderam, refletindo na duração dos processos. Tivemos também que dispensar terceirizados, infelizmente. Estamos confiantes que um novo tempo está por vir, que conseguiremos retomar o padrão de nosso atendimento, temos que ter fé e crer, alguma solução virá”.

“Querem atribuir uma culpa que a Justiça do Trabalho não tem. A responsável por essa crise é a corrupção. Se não tivéssemos tido toda essa corrupção sistêmica, como bem diz Sérgio Moro, favorecendo os desvios que são descobertos a toda hora, a todo instante, penso que agora a sociedade está tomando um novo rumo com a eficiência da Polícia Federal investigando todos esses atos delituosos praticados, e então o poder político aproveita desse momento para imputar a culpar a quem não tem culpa.”

“Eu não temo o fim da Justiça do Trabalho. Dentro da realidade brasileira eu acho difícil se falar em extinção de uma estrutura tão grande, moderna e aparelhada. Temos que aprender adequar a esse novo momento. Somos sobreviventes, vamos sobreviver mais uma vez. Sabemos nos adaptar e temos forças para continuar lutando para aplicar o direito no qual acreditamos. Se a opção política for alterar esse direito, que mude, que faça uma reforma trabalhista e adeque aos novos tempos. Mas não podemos ser penalizados por aplicarmos bem o direito vigente e posto. Estamos aplicando o que temos, se não concordar, que faça uma outra opção.”

Sobre os tempos que virão, o presidente Aldon considera que o maior desafio do Tribunal é atravessar essa crise financeira pela qual passa o país nesse momento pós-impeachment. “E mostrarmos que somos ainda mais fortes, operosos, eficientes, conscientes de que temos uma função na sociedade e permaneceremos nessa função de distribuir justiça, tanto a empregados como empregadores”.

Fonte: Ariony Chaves de Castro -Chefe do Centro de Memória

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