‘Café Seguro’ promove palestra sobre saúde mental aos motoristas da empresa ITA Transportes

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“Saúde mental é coisa séria e não espera chegar em casa” foi o tema de palestra da psicóloga Marina Cançado, promovida pelo Programa Trabalho Seguro do TRT de Goiás para os funcionários da empresa ITA Transportes, na manhã desta sexta-feira, 13/3. Esse já é o terceiro ano do projeto Café Seguro, que tem o objetivo de levar palestras sobre prevenção de acidentes laborais a trabalhadores de empresas de médio e grande porte do Estado de Goiás.

O desembargador Welington Peixoto, coordenador do Programa Trabalho Seguro em Goiás, explicou que o objetivo do programa é disseminar boas práticas de prevenção de acidentes e de adoecimento no trabalho. Ele relatou que o programa foi criado em 2018 e já completou oito edições em que a equipe do TRT, com o apoio do Ministério Público do Trabalho, visitou várias empresas como a Enec Engenharia, Sindiposto, CREA, Coca Cola e Super Frango, dentre outras.

Welington Peixoto apresentou um pequeno vídeo de conscientização sobre a importância da prevenção de acidentes no trabalho e mencionou que os julgamentos mais difíceis para ele, como desembargador, são os relacionados a acidentes de trabalho. “Quantificar o valor da vida é o que dói em um julgador. Quanto vale a vida de um ser humano?”, refletiu ao lembrar que esta semana julgou um processo sobre um acidente de trabalho fatal ocorrido em Anápolis, em que o trabalhador deixou uma esposa, três filhos e uma enteada. “Isso é doloroso. Nosso bem precioso é a vida. Nós queremos prestar um bom serviço, nós queremos receber nossa remuneração corretamente e voltar para casa e encontrar nossa família”, disse.

Saúde mental é coisa séria
A psicóloga do TRT-18, Marina Cançado, explicou que a ideia do ‘Café Seguro’ é estreitar laços de cooperação entre o Tribunal, o Ministério Público do Trabalho e as empresas, difundindo uma cultura de respeito e bem estar no trabalho. Ela ressaltou que a melhor forma de prevenir é por meio da informação e da prevenção. Marina Cançado citou dados da Organização Mundial de Saúde que revelaram que 30% dos afastamentos do trabalho acontecem por causa de doenças mentais, principalmente ansiedade e depressão. As queixas mais comuns, segundo ela, são de pessoas que se sentem extremamente esgotadas com o trabalho, que não se sentem reconhecidas.

Marina Cançado citou que no Brasil 86% das pessoas tem alguma doença mental. “Nós precisamos de parar de dizer que isso é ‘mimimi’, que é frescura, e começar a reconhecer o que podemos fazer para mudar esse quadro”, avaliou reforçando a importância da prevenção e da informação. Marina falou também da sociedade hoje, que na visão dela é muito individualista. “Nós não temos mais grupos de apoio, não conhecemos nossos vizinhos e às vezes nem sabemos o nome das pessoas que trabalham com a gente”, destacou a psicóloga ao mencionar que a cooperação é uma importante estratégia coletiva. “Gente, será que reparamos quando um colega está triste e preocupado?” indagou alertando que às vezes pode ter um colega prestes a cometer um suicídio e a gente não percebe. “Temos que escutar mais. Às vezes o colega só precisa de um ombro amigo, de alguém para ouvir”, afirmou ressaltando que em algumas situações pode ser necessário indicar ou pedir ajuda profissional para o colega.

Marina ainda mencionou as boas condições de trabalho e a organização do trabalho como eixos que contribuem para o não adoecimento do trabalhador. “Um trabalho bem organizado tem que ter regras claras, bem definidas, com abertura para a expressão da individualidade do trabalhador e respeito às pessoas”. E boas condições de trabalho, segundo a psicóloga, envolvem fornecimento dos equipamentos de proteção individual, bons equipamentos de trabalho e ergonomia, para que o trabalhador não sofra acidentes.

O procurador Thiago Cabral, coordenador do Fórum de Saúde e Segurança no Trabalho, falou sobre a felicidade no trabalho. Ele destacou que o Brasil ainda é campeão no número de acidentes de trabalho e parabenizou a empresa ITA pelos baixos índices de absenteísmo e de acidentes no trabalho. “A intenção do MPT e do TRT é que o trabalho seja fonte de renda e de dignidade para o trabalhador e não fonte de adoecimento ou fonte de acidente”, afirmou o procurador. Para ele, quando a pessoa volta do local de trabalho, ela tem que voltar mais segura e feliz. “Porque é isso que o trabalho deve proporcionar: felicidade. Uma das metas da ONU se trata do direito à felicidade, que só se concretiza quando um indivíduo se realiza pessoal e profissionalmente”, concluiu.

O diretor executivo da empresa ITA, Márcio Palmerson, agradeceu à equipe do TRT de Goiás e ao representante do MPT. “Hoje a ITA Transportes se sente honrada em receber o evento Café Seguro, que demonstra o zelo e a preocupação de instituições como o TRT e o MPT que trabalham de forma conjunta em prol de questões relacionadas à segurança do trabalho”, disse. Márcio Palmerson contou que a empresa está completando 50 anos de existência e tem valores muito fortes de respeito ao trabalhador e se preocupa com a saúde e segurança dos trabalhadores. Ele relatou que a empresa possui uma frota de mais de 1700 veículos para atender diversas atividades como limpeza urbana, energia, saneamento e outras.

A empresa conta com cerca de 1000 colaboradores, em sua maioria motoristas (770). Alcilino Otaviano, de 75 anos é um desses trabalhadores. Ele dirige há 48 anos, sendo 18 anos na empresa ITA Transportes. Ele contou que se aposentou em 2010 e preferiu continuar no trabalho. Otaviano contou orgulhoso que nesses quase 50 anos de profissão nunca sofreu um acidente. “O segredo é ter cuidado e manter o veículo sempre em forma segura, fazendo revisão periódica e constante”, afirmou o motorista que se diz apaixonado pela estrada.

Lídia Neves/Setor de Imprensa

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